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5.10.2020

Parir em tempos de Covid-19

Quando soube que estava grávida de gémeos, soube que vinha aí um grande desafio. Não acreditei quando o médico me disse, achei que estava na brincadeira, fartei-me de rir com o seu sentido de humor e, depois, de chorar. Lá estavam eles, cada um na sua bolsa, a partilhar a mesma placenta. Porquê? Um daqueles milagres da genética, um óvulo e um espermatozóide que se dividiram em dois. Fiquei a saber que abundam casos destes na minha família. Eu é que não sabia. Também não sabia que, meses mais tarde, o desafio iria subir de nível. Ia ter gémeos no meio de uma pandemia.

Vim para casa de quarentena no dia 19 de Março, com um caso suspeito na escola do meu filho. Já estava grávida de 33 semanas e, na altura, não sabia bem as implicações que este vírus ia ter no parto. Ao longo dos dias, fui assistindo às notícias que davam conta de mães infetadas que eram isoladas dos bebés à nascença, de leite materno desperdiçado, de pais excluídos do momento do parto e de induções desnecessárias. E num contexto de tanta morte, de tanta solidão na morte, de caixões que se acumulam, de funerais sem pessoas, lá estava eu do lado oposto, a gerar duas vidas e, no entanto, profundamente angustiada.

Há uma enorme romantização da gravidez e do parto, que faz com que nos sintamos um pouco ridículas por nos sentirmos assim. Quando os tiveres nos teus braços, vais ver que fica tudo bem, diziam-me. Mas é um momento extremamente violento, duro e decisivo para a vida dos nossos filhos. E às vezes os bebés não vêm para os nossos braços. E às vezes não fica tudo bem. E quando não fica tudo bem, não há profissional de saúde, por mais profissional e humano, que substitua aqueles que amamos.

Foram muitas as vezes em que me pus a pensar em duas variáveis opostas desta pandemia: isolamento e relações sociais. As segundas têm sido constantemente espezinhadas pelo primeiro e encontrar o equilíbrio acaba por ser uma missão impossível. Privilegiar questões emocionais parece estar fora de questão e, no entanto, elas não ficam em stand by. Vão crescendo, na solidão.

Falei com o meu médico, em quem confio muito, e percebi perfeitamente as decisões. A culpa – se é que interessa – não é dos hospitais. Infelizmente, na maioria dos hospitais públicos, não há condições para garantir acompanhantes em segurança. Devia haver. Devia haver um esforço do governo para possibilitar a criação de condições. Mas não há. Felizmente, a questão da separação mãe bebé quando a mãe testa positivo para Covid-19, no caso deste hospital de Lisboa, fica à decisão (informada) da mãe.

Com isto, quero dizer-vos, grávidas desta pandemia, sintam-se no direito de estar revoltadas, tristes, angustiadas. Ou felizes por não terem que levar com os beijinhos repenicados das vossas quarenta tias afastadas nos vossos bebés desta vez. Ou defraudadas, por terem criado uma expectativa que não se vai concretizar. Ou ansiosas na esperança de que isto mude. Não deixem que ninguém vos revire os olhos e vos diga que no tempo da Maria Cachucha não havia cá pais (nem epidurais!) e que as coisas aconteciam na mesma. Sintam-se como sentirem, um abraço apertado para vocês, cheio de solidariedade e força. Não sei se vai ficar tudo bem, mas uma coisa é certa: dos nossos sentimentos sabemos nós.

Mas queria partilhar também que nem tudo é negativo. Algumas coisas correram melhor neste meu parto e acredito que se deva à pandemia. Aqui vão elas. Sem romantizações.

Os profissionais de saúde fizeram os impossíveis para não sentir a falta do pai
Nunca esperei mais de uns segundos depois de tocar à campainha. Deram-me epidural assim que cheguei à sala de partos e eu dormi. Quando me senti nervosa, no momento antes da expulsão, ficou uma enfermeira comigo. Também ela tinha tido um filho há pouco tempo, fartámo-nos de conversar.

Fiquei num quarto sozinha
Imagino que, para minimizarem os contactos, estejam a privilegiar esta modalidade. Claro que não será sempre possível, mas no meu caso tinha quarto e casa de banho só para mim.

Dormi muito (se é que muito e dormir podem ser utilizados juntos num contexto de dois recém nascidos)
Não ter visitas tem este lado. Sempre que não estava a comer ou a alimentar as minhas crias, estava a dormir.

Saí do hospital em 36 horas
Foi parto normal, pelo que este é o tempo de internamento. Saí feliz, com o meu marido e o meu filho à porta, à espera para conhecerem o João e o Manuel. Foi uma emoção, as auxiliares tiraram fotos, uma animação!

Li há tempos uma notícia de um senhor de cento e poucos anos que tinha sobrevivido à Covid-19 em Itália. Tinha nascido em plena gripe Espanhola. E desejei que esta fosse uma história longínqua para os nossos filhos contarem aos seus netos daqui a uma eternidade. Tive que ser um bocadinho romântica.



A Margarida tem 34 anos e é mãe de três rapazes. Trabalhou 10 anos em comunicação, mas em 2019 tomou a decisão de deixar o seu emprego e dedicar-se à música. Voltou a estudar, a cantar e começou a dar aulas de música a crianças. Engravidou de gémeos no meio destas mudanças todas, mas confia que vai tudo correr bem.

9.29.2019

Não senti nada pela minha filha quando nasceu.

Bem, tal como algumas vocês dizem (às vezes de maneiras menos charmosas): "vamos por as mamas da Joana Paixão Brás" de parte. Só durante um bocadinho. Ainda que, com aquele aconchego, suspeito eu que nunca tenham estado tão juntas.


Bom, falemos de coisas mais... coiso. 

É bem polémico este título, mas não deixa de ser verdade. Quando a Irene nasceu, houve algo em mim que pareceu não funcionar. Pelo menos de acordo com aquilo que eu esperava e tinha visto nos anúncios de televisão ou que as outras mulheres me tinham contado. Será expectável? Terá sido consequência de um parto atribulado? Ou apenas o desenrolar previsível de alguém que estava aterrorizada com a experiência de ser mãe? Seja como for, há coisas que todas nós podemos tentar garantir para termos partos melhores. Ouvindo os relatos umas das outras talvez nos dê mais ideias daquilo do qual nos podemos tentar proteger e até sugerir. 

Este foi o post que escrevi em Dezembro de 2014 que reuniu muitos comentários de mães que passaram pelo mesmo. Somos muitas: https://bit.ly/2mKIANj








Podem seguir-nos no instagram em www.instagram.com/amaeequesabe.pt




Um podcast que podem ouvir no Spotify, Soundcloud, Anchor FM e Apple Podcasts. ;)



E ainda uma iniciativa para a qual convidamos marcas parceiras. O "a Mãe é que sabe ajudar". A Joana e eu vamos a casa das mães vencedoras dar uma mão naquilo que precisem e também levamos ajudas preciosas. Quem nos queira contactar, poderá fazer através do e-mail amaeequesabeblog@gmail.com. 


9.08.2019

As 5 piores coisas da gravidez

Primeira coisa a apontar: falamos de rabo, demasiadas vezes neste vídeo. Uma já seria demais.

Vamos ao tema: sim que na gravidez as mulheres ficam com uma luz radiante; sim que (quase) toda a gente nos faz perguntas na rua e nos sentimos especiais; sim que estamos a gerar vida e - escutem o som dos passarinhos - e o milagre que é... /INTERROMPEMOS ESTA EMISSÃO/ vamos lá ao nosso momento do "menos bom da gravidez".

Eu, que adorei estar grávida, consigo na boa fazer uma lista de coisas que teria dispensado, se pudesse. A Joana Gama fez este corte de cabelo:

Ao pé do irmão da Joana Gama também não fica fácil igualar (calma JG, não sou pedófila)

Vejam se há na lista coisas com que se identifiquem e acrescentem as vossas ;)





Além destes conteúdos fantásticos neste fantástico blogue (dos melhores de maternidade da Buraca), estamos também no instagram, claro, em @amaeequesabept @joanagama e @joanapaixaobras, sim?
Toca a seguir!
E o podcast? Gostaram? Uhm?

7.01.2019

Afinal deve ser isso: estou grávida.

Ahh pá! Qual Clearblue qual quê! Qual método de andar a medir a temperatura da vaginita (ahah acho que é o melhor nome de todos, aqui entre nós), temos é de confiar no "olhar" alheio. 

Fui a uma festa de aniversário de um amigo da Irene no sábado passado. E, depois de me fazer aos tremoços e aos refrigerantes como gente grande, lá me pus a conversar com quem conseguia. Há sempre um ou dois pais com os quais nos identificamos mais, não é? É preciso ver o copo meio-cheio nestas alturas, ahah. Eram dois ou três pais, mas a "união" faz a força até à hora dos parabéns. Já dizia aquela mãe conhecida que... não, fui mesmo eu agora.  Uma mãe e eu fizemos as contas ao cachet da empresa de animação e já sabíamos que iriam encaminhar os miúdos pelas 17h30 e assim foi - o desespero para fazermos as contas, ahah. 

Ora, estava com um vestido vermelho que até já usei para um espectáculo. Este: 

Obrigada ao Tiago Maltez da Ponte Media por esta fotografia. E, já agora, fiquem a saber que o borracho da direita é casado e tem dois filhos, não estejam aí com coisas. Além disso é também o humorista das manhãs da Rádio do Observador. É o David Cristina ;)
E o que é que aquela senhora já com mais experiência amealhada disse? Qualquer coisa como "olhe que a Coca-Cola depois põe o bebé mais agitado". Ri-me desalmadamente, abracei-a (mesmo sem a conhecer) e disse: "estou só gorda, minha senhora, mas obrigada". 

Pode ter sido das mamas muito salientes (há soutiens que fazem mais magia que outros) ou pode ter sido da barriguita de 3 meses que tenho desde os 27. Nem quis saber mais. Ela estava envergonhada e eu estava a tentar engolir o resto da auto-estima que tenho para ver se não me escapa.

Também pode ser do vestido. De ser um bocadinho mais "adoro viver" que o normal da roupa básica. Mas não. Não estou grávida. Nem faço planos para estar nos próximos séculos (quantas já não engravidaram uma semana depois disto?).

Já me aconteceu isso. Dei os parabéns a uma colega minha e ela respondeu que estava a fazer um tratamento com cortisona, se lhe estava a dar os parabéns por isso. Levou na boa, mas também poderia estar só a engolir o resto da auto-estima que ainda tinha.

Pelo sim, pelo não... Acho que mais vale passarmos por distraídas se não comentarmos a gravidez de uma conhecida (ou desconhecida) mesmo que já esteja de 9 meses ou não? Ou será que estes comentários até nos farão ter uma melhor ideia do nosso estado de saúde actual e ser aquele click para nos começarmos a mexer?



5.28.2019

As 5 coisas que mais odiei na gravidez

Eu sou das que ADORA estar grávida. Mas só porque tive sorte, claro. Apesar dos enjoos que duraram quatro longos meses, os restantes foram óptimos e trabalhei até ao fim (parei uma semana e uns dias antes). Da segunda gravidez, só enjoei uma vez (com o cheiro da gasolina) e tive umas chatices mais para o fim (nem me recordo bem o quê, mas umas dores nos ossos talvez ou um episódio de ciática que me levou ao hospital - não sei), mas nada digno de nota. Não tive grandes fomes, grandes desejos, não estive de cama. E passou a correr, até porque tinha uma filha de dois anos a quem dar atenção. Não me posso queixar. 

Ou será que posso? Posso. Houve coisas que apagava, sim, sim. 

1- O teste do cotonete

Contei-vos aqui a experiência terrível que tive, da primeira vez. Só quando desabafei sobre isso, percebi que não era normal doer tanto, pelos vossos comentários. E, de facto, quando me fizeram o teste Estreptococus B na segunda gravidez nem senti. Que bruta que deve ter sido a primeira enfermeira, credo. Tanto que ainda me lembro da dor, que ficou pelo menos mais um dia.

2 - O teste da glicose

Ai senhoras, o esforço que eu fiz das duas vezes para não vomitar. Troquei de sabor, mas mesmo assim foi do piorio. Sim, fresquinho. Um enjoo sem explicação. Era bom que inventassem outra técnica qualquer, não era? Era.

3 - Os enjoos nos primeiros quatro meses

Óptimos para não ganhar muito peso (ahah), péssimos para quem está a trabalhar e a ter de fazer corredores até à casa de banho. Uma vez não consegui lá chegar. Viagens de carro então, esqueçam. Era trigo limpo farinha amparo. Fiz sprints até à casa de banho vezes sem conta e nem os nausefes aliviavam grande coisa. Nunca descobri a fórmula para não enjoar e experimentei tudo: comer logo, comer mais tarde, não comer, comer pouco, comer coisas secas. Nada resultou.

4 - O sono doentio no primeiro trimestre

O descontrolo total. E eu sempre fui uma "sornas", sempre adorei dormir. Mas nada, nada se comparava àquele estado doentio em que nem palitos nos olhos os segurariam. Aconteceu-me estar a trabalhar em frente ao computador e estar a dar cabeçadas, tal era a soneira. Tudo muito bonito se se estiver em casa, tudo péssimo quando se tem coisas para produzir e depois não convém andar a beber litradas de café.

5 - Dormir mal e porcamente no último trimestre

Quando nos dizem "dorme agora porque depois..." deviam era estar caladinhos. Dorme agora, como assim? Na primeira gravidez, já não tinha posição e levantava-me, à vontade, 5 vezes por noite para ir fazer xixi. Acordava cedíssimo. Da segunda gravidez, não tinha muito xixi, mas tinha uma filha de dois anos acabados de fazer, que dormia muito mal e que me chamava a mim durante a noite. A segunda filha foi feita na primeira semana em que a Isabel dormiu lindamente, mas aquilo foi um engano, que voltou a ter pesadelos e a acordar quatrocentas vezes por noite. Credo. Eu a levantar-me e a ir dormir com ela, com um barrigão enorme.

Foto: Rita Ferro Alvim

Nada muito grave, certo? Tantas histórias péssimas de grávidas que sempre me senti uma sortuda! Nada de azias, de grandes dores, de ter de ficar quietinha... senti-me apaparicada e com uma energia diferente. Até a minha pele esteve melhor.

E vocês, quais as queixinhas que fazem?

2.05.2019

Ai, agora tem é que fazer muito amor para o bebé sair.

É um bom conselho, mas mais para nós, ao que parece. Claro que duas pessoas, dois homens, não são uma amostra suficiente para retirar uma conclusão, mas tive oportunidade de conversar com eles sobre isto e... disseram que a vontade de fazerem amor por essa altura diminui. 

Esperemos que não seja com medo do bebé ficar com a cabeça amolgada (há de certeza homens, mesmo que irracionalmente, pensem assim)... Neste caso era mais por se sentirem "usados". Imaginam isto?

Sendo o sexo uma prescrição com um fim, "ajuda o bebé a nascer", parece que retirará parte do efeito sensual da coisa - o que até dá para compreender. São vistos como uma espécie de ventosa para por o miúdo cá para fora em que o pénis deles - para variar - não é o centro das atenções (calma, Capaz, ahah). 

Não que não seja legítimo. Afinal de contas quem é não se sentiu só um pedaço de donut com uma pessoa à volta quando tentou engravidar? Tirando aquela malta que foi "tiro e melro"? Usar aquelas aplicaçõesn no telemóvel para ver quando é que provavelmente se estaria fértil para coiso e ver o sexo como um meio para atingir um fim e, neste caso, criar uma vida? 

A determinada altura, aí, o sexo também já não se torna muito romântico. Para quem tinha a sorte de já sentir amor em casal antes (ahah). 

Esquecemo-nos que apesar de, por vezes, muitos serem mais rústicos na sua forma de expressar emoções, atrás daquele ar do "não entendo por que é que isto de trocar o pijama é importante" está um "gostaria que, quando fizessemos amor, fosse porque queres e não porque precisas". 

Foi amoroso ouvir.  

Estragaram tudo quando disseram que metade de pica também descia porque, nessa fase, estamos gordalhufas e, por isso, parece que estão a fazer amor com outra pessoa que não foi a que escolheram. Mas vá, depois de 5 minutos a serem vulneráveis, tinham de pontuar com um pedacinho de cretinice. 

Também é compreensível se não formos muito sensíveis relativamente ao assunto. Em 9 meses nós mudamos muito o nosso corpo e, especialmente para quem terá uma relação longa com a parceira, poderá ser esquisito. De outra perspectiva poderá acrescentar alguma variedade, mas até - com esforço e a semicerrar os olhos - dá para perceber. 



No fundo, no fundo, os homens também têm sentimentos. Temos é de saber ler nas entrelinhas. :)

Joana Gama Freire

12.03.2018

As minhas estrias, as minhas cicatrizes, a minha história.

Tinha 14 anos quando reparei que tinha estrias. Nos joelhos. Nos joelhos? Como? Andava toda contente porque as minhas colegas já tinham ou no rabo e nas ancas e eu nem vê-las e afinal… ali estavam elas, num sítio tão improvável. Depois delas, veio a celulite (e eu a pensar que escaparia). E novas estrias, desta vez nas mamas. Nem imaginam a injustiça que eu senti ao ver aqueles rasgões nas minhas maminhas. Sim, maminhas, tão pequeninas e com estrias, como se tivessem crescido tanto que a pele se vira obrigada a ceder. Só voltariam a crescer na gravidez.

A minha sorte, dentro do azar, era que, depois do choque, depois do tom rosa avermelhado, ficavam brancas e fininhas, ou pelo menos era o que me parecia. E eu encolhia os ombros, desvalorizava, e seguia com a minha vida. Contentava-me saber que não estava sozinha. E que pessoas que eu considerava lindíssimas, como a minha mãe, também as tinham e que não era por isso que deixavam de ser mulherões. 

Até chegar aos vinte e seis, engordei e emagreci e engordei e fiz dieta e ganhei estrias nas pernas, na zona interior, compridas. Ia pondo para trás das costas. Mas quando engravidei, comecei a olhar mais para o meu corpo, capaz de gerar vida e de me fazer a pessoa mais feliz do mundo, e tive vontade de cuidar melhor dele. Cremes nas zonas mais propícias a novas estrias (e uma grande dose de sorte, hidratação e genética?) fizeram com que, desta vez, nem uma ficasse para contar a história. Ou então nem reparei. 


Segunda gravidez e uma operação de urgência, logo após o parto, fez com que ficasse com uma grande cicatriz. Inesperada. A minha primeira, “à séria”, que me faria lembrar, para sempre, do maior susto da minha vida – uma atonia uterina que só parou depois de 6 horas de muitas tentativas, transfusões sanguíneas e medo. Está cá para que nunca me esqueça de que sobrevivi e vivi, após tudo o que me aconteceu, com ainda mais vontade, força e amor. Não gostei dela sempre. Sentia que algo tinha falhado. Tinha estado a um passo de ter o parto dos meus sonhos, pouco instrumentalizado, em que puxei a minha filha para o meu colo e, sem pontos, ia ter uma recuperação muito fácil, para poder dar atenção às duas filhas. Aquela cicatriz significava dores, dificuldade em levantar-me e levava-me àquele hospital e àquela sensação de impotência. Achava-a feia. A enfermeira do centro de saúde recomendou-me que espalhasse e massajasse com Bio-Oil e, com o tempo (terão sido meses?), aquele vermelho foi começando a perder a nitidez. Ainda cá está. Acho-a bonita. Relata uma história com final feliz.


Bio-Oil faz parte dos meus dias, desde então. Daí que o desafio em falar deste óleo, que marcou uma das fases mais duras (mas também mais mágica) da minha vida, seja tão especial. E não é por acaso que é o produto mais usado em estrias e cicatrizes em todo o mundo: é porque resulta. Não apaga nada, mas disfarça. Além de hidratar profundamente, reduz a aparência das estrias, cicatrizes, manchas e também do envelhecimento da pele. Também já experimentei na cara (duas gotinhas, não mais) e, ao contrário do meu receio (mito a abater), a pele não fica nada oleosa – pelos vistos, o PurCellin Oil deixa a fórmula mais leve, não fica gordurosa e a pele absorve-a de forma rápida. 


E vocês, que histórias contam? Sofreram ou sofrem ainda muito com marcas e estrias?
Já se aperceberam de que somos muitas?


*post escrito em parceria com a Bio-Oil

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11.04.2018

4 anos depois, do que me lembro de estar grávida?

Desculpem lá a qualidade da fotografia, mas na altura ainda não era influencer-coiso. Era o que havia: uma fotografia em frente a uma cana de pesca para gatos numa janela. E uma fitinha que vamos todas fazer cara de quem está a levar com o sol na cara e seguir em frente, está bem? 


Lembro-me do dia em que li que era melhor para a criança estar virada para o lado esquerdo, o lado do coração e ter entrado em paranóia com isso. 

Filhas, não têm ideia. Acho que fiquei com 88 contraturas e acho que a miúda tem um lado da cara mais espalmadito por eu ter levado isto tanto à risca. Não sei se é verdade ou não, mas quando dava por mim virada para o outro lado até sentia palpitações.

Porém, basta uma rápida pesquisa na internet para ver a confusão em que o mundo está relativamente ao assunto:


Lembro-me da "pior coisa" que fiz que foi sacar o solitário para o telemóvel. 

Toda a gente aí louca com jogos de coiso e tal (na altura acho que ainda se jogava um pouco àquele da quinta no Facebook) e eu presa nos anos 70, vá, a jogar o meu solitário nas noites de insónias ou naquelas noites em que, com dores daquilo que vou dizer a seguir, me custava a adormecer. 


Tive de tomar ferro e fazer cocó era a pior parte do meu dia. 

Ai. Não sei se é de não comer peixe nem nada que venha do mar, mas tive de tomar ferro. E isto não é uma maneira gira de dizer que ia levantar pesos para o ginásio - not anymore - era mesmo tomar Folifer para o bucho e depois ter umas cólicas gigantes além de ver que o meu cocó tinha sempre uma cor que o Dr. Oz diria que não era saudável. O meu corpo gostava de ir à sanita Às 4h da manhã. 


Lembro-me dos murros e pontapés da miúda. 

Saltemos à frente a parte em que eu achava que já sentia murros e pontapés e não sabia ainda sequer que estava grávida. Não vamos mencionar isso porque é esquisito. Porém, a uma determinada altura, a miúda ou andava a reclamar pela mãe não ingerir a quantidade de gomas habituais ou, então, era mesmo falta de espaço. Mexia-se tanto, mas tanto que, mesmo sentada no sofá, sentia como se tivesse feito uma maratona - não faço ideia do que é correr uma maratona, mas acho que suo com a mesma intensidade quando trago as compras da semana para casa. 


Lembro-me de vomitar uma lasanha da Telecoiso. 


Nem vomitei muito. Foi só uma vez em que tive desejos de lasanha (nem sei se estaria ligado à gravidez ou não), mas como não me apetecia minimamente limpar, ainda fiz um sprint considerável desde a mesa de jantar até à varanda brindando o canteiro com um belo Pollock de bolo alimentar. 100 metros de vómito seria uma óptima modalidade para grávidas que não quisessem limpar o chão a seguir. 


A memória é selectiva. Neste momento é disso que me lembro. Também tenho uma memória muito carinhosa de estar a lavar as roupas todas dela e a pendurá-las no estendal pela primeira vez, mas de coisas amorosas está a internet cheia. 



8.19.2018

É proibido dizer isto a uma grávida.


Vá, se temos acesso a vocês todas que nos lêem todos os dias, toca lá a tentar mudar o mundo post a post para ver se todas nós vamos tendo uma oportunidade mais sincera de sanidade mental pré parto, durante parto e pós parto. 

Amanhã já me passa e falo-vos de uma série que ando a papar há uns meses e que me estou a passar com o fim. Alison, como assim? Não, não!

Bom, sigamos. Tenho de fazer uma viagem no tempo para há 4 anos para me lembrar de coisinhas que me tenham dito com aquela simpatia "tuga" ou "familiar" do costume e que me tenham enervado. Não será muito difícil, vamos a isto? Podem completar!

Pronto, dizem que o interior é que conta,
conheçam-me também por dentro com a primeira eco oficial da Irene. 
Entretanto já não vou a esta clínica ;)


- "Já estás com o pano... deve ser rapariga." 

Há muitas alterações nos nossos corpos quando estamos a alojar uma pessoa dentro de nós. Uma delas - que também me aconteceu - é ficar com a cara toda escarafunchada como se tivesse posto em prática aquele meu sonho recorrente de me chafurdar num fondue de chocolate. Além de estarmos em 2018 e de já termos tido tempo para verificar as excepções aos mitos e, por isso, deixarmos de acreditar neles... nunca será simpático apontar transformações desagradáveis que a pessoa esteja a "sofrer" (viram aqui a palavra? é SOFRER!). Se há quem saiba que está com a cara toca carcomida é ... a pessoa! E não ajuda pensar que é por ser rapariga. Ou, aliás, não ajuda saber que a pessoa que nos disse isso acha, em 2000 e tal que as raparigas "roubam a beleza às mães". A sério? Vá, venham lá daí estudos sobre hormonas que diz que o estrogénio não sei quê e eu calo-me (um bocadinho). 

- "Dorme agora porque depois..."

Esta é a parte em que não é mito, mas prática comum. Ter bebés que durmam a noite toda desde sempre é algo que - segundo ouvi dizer - só acontece a quem, numa vida passada, tenha engravidado de um carapau. Nem todos tivemos essa sorte, vamos ter de lidar com a nossa (há a Constança do Centro do Bebé que poderá ajudar, cuidado a quem pedem ajuda, malta) e desejar que façamos amor suculento com um carapau nesta vida para que, na próxima, não tenhamos que optar entre amor próprio e a sobrevivência dos nossos filhos. Seja como for, a não ser que seja, então, para nos apresentarem a um peixinho com um bom traseiro, as referências ao sono - que só dão mais medo e pressão - podem passar a ser feitas para dentro de um tupperware (pode ser dos de marca branca que vai dar ao mesmo, vá). 

Realmente já fui mesmo muito magra, olhem aqui!
Acho que tenho vindo a ganhar peso desde que nasci... que esquisito! 


- "Quantos kgs já ganhaste?"

Ah, 'tá. A sério que nem enquanto estamos a desempenhar o trabalho mais importante da humanidade - assegurar a sua continuidade (já vi a Handmaids' Tale, já) - não há quem nos deixe em paz e queira falar-nos do facto de estarmos menos agradáveis visualmente para as referências exigentes e dificilmente atingíveis na sociedade actual, mesmo quando não estamos numa contagem decrescente para o parimento. 

- "Já tens tudo pronto? "

Porquê? Estás preocupada? Ah, eu vou ter um filho, mas ainda bem que me lembraste porque às vezes esqueço-me disto que se está a passar na minha vida. Se não fosses tu, o miúdo ia nascer e nem daria por ela. Deixo só aqui à vossa consideração se precisamos mesmo de tudo aquilo que compramos (também podemos pedir emprestado) e se não poderemos simplificar. Simplificar desde o início deve ajudar-nos depois em tudo (não foi o que fiz, enchi-me de tretas, claro - quanto maior a insegurança...). 


É a Isabel e a Irene, ambas com um mês de vida :) 

- "Tens medo do parto?"

Claro que não! Qualquer mulher que passe por isso uma primeira vez (ou até segunda, imagino), o que mais quer é que lhe tirem uma melão de Guadalupe ali por baixo. Ainda para mais depois de descrições como esta... não estou a ajudar! Se contribuir positivamente, a Joana Paixão Brás, no primeiro parto, acho que se pariu toda a rir (drogas naturais dela). E eu não estava lá, como assim? 

- "Vai nascer em Março? Ui!"

Há gente estúpida nascida em todos os meses do ano. Gente estúpida, teimosa, zangada triste, mal encarada, que cospe no chão, que estaciona em segunda fila (lálálá), que cola pastilhas por baixo das secretárias, que grita com pessoas do telemarketing... Isso, apareçam do nada e digam-nos que vamos criar Satanás. Além de ser bastante útil é também bastante preciso. Obrigada. 

Foi um post muito parecido com este com o qual inauguramos este blog, vejam aqui: "Como ser violentado por uma grávida."



7.04.2018

Não esperei para contar que estava grávida.

Não me lembro do dia em que decidimos que queríamos ser pais. Não me lembro da nossa conversa sequer. Sei que descobri que estava grávida numa consulta de rotina porque senti que o meu alto na mama estava maior do que o normal e estranhei. Saí de lá com um segredo enorme e andei a próxima hora nas nuvens a pensar na forma como te iria surpreender. Pelo meio enviaste-me mensagens a perguntar se estava tudo bem. Estava tudo bem, amor. Tudo óptimo. Fui comprar um body minúsculo e quando cheguei a casa liguei a câmara do telemóvel. Dei-te o body para a mão, riste-te a achar que era para a nossa sobrinha, que já tinha 3 anos. Achaste pequeno, disseste-me. Devo ter feito um olhar diferente porque olhaste para a barriga, olhaste para mim outra vez e eu acenei. Disseste "não!?" SIM! Beijámo-nos e emocionámo-nos. A memória atraiçoa-me porque não me recordo se foi nesse dia que fomos para Santarém para contar à minha mãe, mas acho que sim, que não aguentámos. E fomos a dar gargalhadas o caminho todo, nervosos e felizes. No mesmo dia contámos ao Renato, ao Sérgio e à Daniela, ao jantar. E depois fomos até Almeirim, onde estava o meu avô e o meu pai. Foi um reencontro muito emocionante, eu estava zangada com ele e abraçámo-nos como se eu nunca do colo dele tivesse saído. Voltei a ser pequenina. E ia ser mãe. Quando fomos contar à tua irmã, com o body, ela achou que a vossa mãe já nos tinha contado que ela, também ela, estava grávida. Foi muito, mas mesmo muito giro, as duas cunhadas grávidas e com as mesmas semanas. Depois fui contando: à Raquel, durante um jantar e aos colegas do trabalho mais chegados. Não esperámos pelos três meses da praxe para contar às pessoas mais próximas, não aguentámos. Pensei: se algo correr mal, se perder este bebé, eu vou querer que saibam e que me dêem mimos.

Foi assim que descobri que estava grávida pela primeira vez e que contei a todos. E esta foi a primeira foto que tirei da mini barriga. E vocês, como foi?





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6.06.2018

Sonhei que estava grávida

E chorei, chorei muito. Acordei a soluçar de tão real que era.
Foi mais um pesadelo. É algo que não faz parte dos nossos planos a curto e médio prazo (para o David, nem sequer a longo).

Tudo porque eu ando com mais barriga (não ando a comer o que devo) e a Isabel, na mais pura das inocências, me perguntou se eu estava grávida de um menino. Sim, ela adorava ter um mano. Respondi-lhe que não, que estávamos muito felizes com as nossas filhas maravilhosas e que ela, quando fosse grande, poderia ser mãe também, se quisesse.
Aquilo ficou de alguma forma a marinar dentro de mim porque sonhei e foi tudo demasiado real. Dentro do sonho, eu entrava um bocado em pânico. 

Adoro ser mãe, mas não me imagino nos próximos anos com mais um filho. Não tenho disposição, vontade, paciência nem tenho uma rede de ajuda suficiente para que eu consiga não considerar um terceiro filho como um fardo. Elas ainda são pequenas, não são independentes e dão muito trabalho. Depois, sonhamos com o nosso casamento, com a lua-de-mel e ansiamos por uma semana de férias sem filhas. Para o ano, a Luísa já irá com os meus sogros, as primas e a Isabel para a praia em Junho uma semana. E eu vou adorar ter esse tempo para nós. 
Além disso, um terceiro filho implicaria carros diferentes, mais custos nas creches e mais investimento monetário. 
Depois, tenho 31 anos e tenho tempo para pensar, com calma, daqui a uns anos nesta hipótese. 

Um filho é um filho. Tenho a certeza de que daríamos a volta, que o iríamos amar muito e que ele nos iria fazer muito felizes. O cheirinho dos bebés mexe comigo, tenho saudades das minhas filhotas bebés, mas consigo racionalizar e concluir que não quero mais, por agora (e não sei se um dia quererei ou quereremos).




Quantos têm ou gostavam de ter? Também têm sonhos com gravidez?



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4.11.2018

Ainda ninguém falou do melhor de estar grávida!

Como é que é possível? O que será o melhor de estar grávida? Como assim, não se lembram? Ou, grávidas, não me digam que não estão gratas por isso...




Vá, depois desta foto quase aleatória de 3 ovos, vou dar algumas pistas. 

Não é a vontade constante de fazer xixi.

Não é a vontade súbita de fazer um corte parvo de cabelo do qual depois nos vamos arrepender quando virmos as fotografias. 

Não é o podermos vestir roupa justa na barriga visto que por algum motivo, a sociedade acharengraçado que andemos todas na rua a parecer um Ovo Kinder.

Não é o passarmos a sentir todos os dias que não temos um único motivo sozinhas. 

Não é o começarmos poder a passar à frente nas filas todas.

É...

Estão prontas?

NÃO TEREM QUE LIMPAR A AREIA DOS GATOS!!!!


\

Hoje estava a limpar a areia dos gatos e lembrei-me: houve aí uns tempos (quase um ano) em que não tive de levar com este cheiro ácido que me prefura o nariz e que me maltrata o cérebro. Será que não tinha gatos? Foi aí? Nãaaaaaaaaaaao! Foi depois de ser fecundada e da GO (ginecologista obstetra, para as leitoras que ainda não passaram por aí) dizer "ahhh por causa da toxoplasmose, agora a areia dos gatinhos vai ter que ser mudada por outra pessoa". Lembro-me de conter o meu sorriso na altura, para não parecer que tinha dado um ênfase exagerado e talvez infantil, mas o que sentia por dentro era um pouco isto:



Claro que também foi bom sentir os pontapés, comprar as roupinhas, fazer a mala para a maternidade e etc, mas... NADA, NADA que se compare a não ter que limpar a casa de banho de DOIS gatos diariamente. 

Se algum dia tiver um segundo filho, vai ser certamente por já estar farta de mudar a areia dos gatos outra vez. Ahhhhh.... A pensar, a pensar...

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3.21.2018

Sou das que adora estar grávida!

Dito assim parece que estou grávida, não estou (nem vou estar, pelo menos não nos próximos anos, que fui pôr o Diu de cobre). Do que leio por aí há muita gente que sofre bastante na gravidez ou que deseja que passe rápido mas eu digo-vos: não sei se houve fase da minha vida de que eu tenha gostado mais, tirando com elas cá fora, claro (mas só quando não me sentia toda descontroladita). Tirando pequenos episódios, eu adorei estar grávida. 
Tirando os enjoos no primeiro semestre (da Isabel, que da Luísa só enjoei um dia, numa bomba de gasolina), tirando o teste de glicose e o teste em que me espetaram um cotonete no rabo (sim, sim, depois percebi que não era suposto ter doído, mas algo ali não foi bem feito), não me lembro de ter estado mais algum dia mal. Não inchei, não sofri de dores, não tive de ficar acamada, trabalhei até às quase 38 semanas, enérgica e bem até ao fim.

Da segunda gravidez, acusei mais cansaço por ter uma filha bebé (a Isabel tinha um ano e meio quando engravidei), mas gostei muito - e principalmente a partir do momento em que fui para casa - não trabalhei (trabalho convencional) nos últimos 3 meses!

Se houve altura em que eu me senti bonita foi na gravidez. Sentia-me tão bem, tão feliz que toda eu era luz e boa energia. E depois o sentir a bebé cá dentro, a nadar e a dar pontapés, é algo inexplicável. Bom mas bom.

Mais alguém do meu team grávida ou até têm/tiveram razões para serem queixinhas? 



Pela lente do David




Já bem perto do fim da gravidez, pela Rita Ferro Alvim, Crush 



Primeiras fotos grávida


A mão da avó Rosel


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