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9.29.2019

Não senti nada pela minha filha quando nasceu.

Bem, tal como algumas vocês dizem (às vezes de maneiras menos charmosas): "vamos por as mamas da Joana Paixão Brás" de parte. Só durante um bocadinho. Ainda que, com aquele aconchego, suspeito eu que nunca tenham estado tão juntas.


Bom, falemos de coisas mais... coiso. 

É bem polémico este título, mas não deixa de ser verdade. Quando a Irene nasceu, houve algo em mim que pareceu não funcionar. Pelo menos de acordo com aquilo que eu esperava e tinha visto nos anúncios de televisão ou que as outras mulheres me tinham contado. Será expectável? Terá sido consequência de um parto atribulado? Ou apenas o desenrolar previsível de alguém que estava aterrorizada com a experiência de ser mãe? Seja como for, há coisas que todas nós podemos tentar garantir para termos partos melhores. Ouvindo os relatos umas das outras talvez nos dê mais ideias daquilo do qual nos podemos tentar proteger e até sugerir. 

Este foi o post que escrevi em Dezembro de 2014 que reuniu muitos comentários de mães que passaram pelo mesmo. Somos muitas: https://bit.ly/2mKIANj








Podem seguir-nos no instagram em www.instagram.com/amaeequesabe.pt




Um podcast que podem ouvir no Spotify, Soundcloud, Anchor FM e Apple Podcasts. ;)



E ainda uma iniciativa para a qual convidamos marcas parceiras. O "a Mãe é que sabe ajudar". A Joana e eu vamos a casa das mães vencedoras dar uma mão naquilo que precisem e também levamos ajudas preciosas. Quem nos queira contactar, poderá fazer através do e-mail amaeequesabeblog@gmail.com. 


3.20.2018

Ontem fiquei sem coração.

Estou preocupada. Muito. Ontem, a Irene entalou-se no portão da escola e eu morri ali. Morri (e ainda bem) de maneira a conseguir manter-me perfeitamente calma durante todo o processo. 

Ela entalou-se. A mão cheia de sangue. Os gritos dela que ainda os consigo ouvir. O olhar dela para mim numa de "salva-me, faz com que isto pare de doer". Atirei as coisas dela para o chão e claro que a urgência era pegar-lhe ao colo. Por ela e por mim. 

Não consegui fazer nada com a mão dela. Ela estava muito nervosa. Chorava e gritava. Eu não conseguia pensar muito bem. Nem estava tão preocupada com o que tinha acontecido ao dedo, mas queria descansá-la. 

Fomos para o hospital. Um bombeiro chamou atenção para o nosso caso e para a mão ensaguentada da Irene e conseguimos entrar na triagem rapidamente. A Irene muito nervosa e cansada. Eu, morta, mas a querer dar-lhe todo o colo do mundo - a única coisa que podia fazer. Dois médicos muito queridos, viram-na, desvalorizaram, mas recomendaram que fosse vista nas pequenas cirurgias.

Fomos para as urgências dos adultos. Tudo tão triste. Tudo tão mau. Só queria que o tempo passasse e não passava. Desinfectar o dedo foi horrível. Muitos berros. Muito choro. Tinha de continuar morta. Para ela ver calma nos meus olhos. No raio-x fizeram-na rir e a mim também e, no final, fomos para casa.

Pelo caminho o meu corpo foi voltando a ser e fui ficando com dores no corpo todo. Uma valente dor de cabeça e claro que tive de dormir com ela. 

A alegria dela, a desvalorização depois de passar a dor é uma lição e ressuscita-me. 

E isto foi só porque se entalou no dedo. 

"Não quero mais dói-dóis" - gritava ela ontem no meio de um choro que me matou.

A mãe também não quer, meu amor, mas... vai ter que ser. 

Ahh... meu amor...


PS - Obrigada à equipa do S. Francisco Xavier, foram todos muito simpáticos. 


Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. Querem saber quando publicamos coisas?
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1.04.2018

Afinal já sei o que a Luísa tem.

3 horas num hospital à espera para sermos atendidas. Consta que até os privados andam ao rubro, por isso, não havia muitas mais opções - só chamar o médico a casa, assim que façamos seguro de saúde para a Luísa, passa a ser uma opção a ponderar.
O que aquela miúda correu no S. Francisco Xavier... andou ao colo da Ester, fez amizades por ali fora, queria ir para a rua a cada dois minutos... imparável e com um grau de marotice que nem vos conto (nem doente esta miúda relaxa um bocadinho, estão a ver o género?). Lá fomos chamadas e amavelmente atendidas - zero razões de queixa - para decifrarmos o que a bebé teria, com febres inconstantes há quatro dias. Otite. Uma otite no ouvido esquerdo. Começou a fazer sentido a preferência por mamar mais para um lado, mas não associei, até porque nunca se queixava, não punha a mão, não coçava nem chorava deitada.

Agora dorme, depois de tantas emoções.
E como eu adoro vê-la dormir. É como se pudesse parar o tempo e deliciar-me com a respiração dela. É como se a sentisse minha, vulnerável, pequenina, quentinha, dependente. Há algo de mágico em observar alguém dormir: é a minha meditação.

Logo logo vai ficar boa de novo (e voltar a ter criatividade para me pintar as paredes da sala ou desfazer um livro em minipartículas: a Isabel NUNCA me fez destas, é todo um novo mundo). Logo logo vamos todos conseguir descansar mais um bocadinho. Ando EXAUSTA. Boa noite!



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11.09.2017

E se levássemos os bonecos dos nossos filhos ao hospital?

A minha mãe conta que eu, quando era criança, tive uma fase de terror a batas brancas. Apanhei uma vez uma profissional de saúde que não conseguia encontrar a minha veia para tirar sangue e andou ali duas, três, quatro, cinco vezes a chafurdar, sem desistir. Imagino que deva ser muitooooo difícil para o profissional, mas pelos vistos para mim também foi. Lá assumiu que não estava a conseguir e deu lugar a outra profissional que, coincidentemente ou não, encontrou a veia à primeira. Se na minha altura houvesse uma iniciativa tão fixe como esta do  Hospital dos Pequeninos, eu teria provavelmente conseguido superar aquele trauma mais rápido. 

Este projecto, da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa (AEFML), já vai na XVI edição e a ideia é, claro, reduzir a ansiedade ou medo que algumas crianças sentem em ambiente hospitalar ou na presença de um profissional de saúde. As crianças, entre os 3 e os 7 anos, só têm de levar os seus bonecos ou peluches doentes e brincar com eles naquele ambiente que recria um hospital, desmistificando assim todos os procedimentos, com espaços como a farmácia, a consulta, as análises, a operação e por aí fora...



O Hospital dos Pequeninos decorre em dois grandes momentos:
· Um fim de semana dedicado às famílias no Pavilhão do Conhecimento nos dias 18 e 19 de Novembro, entrada livre e gratuita!
· Para as escolas que efectuem marcação, dias 20 a 24 de Novembro no Refeitório I dos Serviços de Acção Social da Universidade de Lisboa ("Cantina Velha da UL")



Para mais informações poderão consultar o Site do Hospital dos Pequeninos, o Facebook ou contactá-los para o e-mail hpequeninos@aefml.pt ou para o número de telefone 217 818 890


   
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8.27.2017

Adeus, gastroenterite do caraças!!!

Febre, vómitos, diarreia, dores de barriga, enjoos e chegou a estar a soro no hospital. Congelei ao vê-la assim, com o cateter e a levar soro. Tive flashbacks de quando esteve internada com 9 meses. Mas desta vez, já uma menina, com quem conseguimos conversar, explicar tudo e tentar compensar e distrair com autocolantes de super-heróis. Desta vez, ao tirar sangue e ao meter o catéter, não chorou, não disse ai nem ui. Disse-lhe que podia apertar a minha mão. Olhou-me nos olhos e respirou fundo. Depois, já na cama, a levar soro, disse-me que lhe doía a mão e chorou. Quis estar no lugar dela, quantas vezes*.

Foi forte, deitou-a muito abaixo - nunca a tinha visto sem falar, ela que é uma valente gralha, nem tinha nunca adormecido no sofá - deixou-a mais magrinha, deixou-nos a todos apreensivos, e cansados, mas já foi. Felizmente mais ninguém apanhou. Ontem, fomos, ao fim de uma semana, passear. Fomos ao sítio mais bonito de Santarém, as Portas do Sol. Correram, desceram no escorrega, esfolaram-se todas (a Luísa), caíram do baloiço (a Luísa), a Isabel levou a bicicleta e fomos para a muralha contar os carros que passavam na ponte (passatempo preferido da Isabel lá).

Não sei a quem soube melhor! 
















Cara de zangada eheh






Sapatos - Pikitri (marca portuguesa muito fixe)


*até porque queria perder uns kgs... AHAHAH brincadeirinha para desanuviar



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3.01.2017

Mononucleose??

Aí está. A Irene tem feito uma semana em casa e uma na escola. É o infectário, já sabemos (farta desta expressão, toda a gente que a diz acha que está a dar uma novidade) e o primeiro ano na escola é esta valente cáca. Nada que não me tivessem avisado. 

Começou com febre na sexta. Deixamos passar as 72 horas do costume e depois de análises nas urgências do SFX, o tiro da Dra. Paula tinha sido certeiro: mononucleose.

Deixem-me só dizer que, como algumas de vocês saberão, ficamos traumatizados com análises de sangue. Tivemos um episódio que correu muito mal. E, desde aí, tem sido difícil sempre que nos falam em análises. 

Desta vez apanhamos a enfermeira Marta que tem uns olhos super meigos que transmitem calma. Que, apesar de cansada, olhou para a Irene como se tivesse sido a primeira criança do dia (se calhar foi hah) e tratou tanto dela como de mim. Foi carinhosa, paciente, empática... 

Foi a melhor experiência até agora. No final só me apetecia abraçá-la e dar-lhe um carro ou assim, mas pensei que talvez a fosse assustar com tanto calor humano. Talvez este post chegue até lá. Enfermeira Marta, "cê foi um amor" e adorámo-la. A Irene ainda fala de si e bem e foi quem lhe picou o braço ;)

É viral. Ainda não é desta que toma antibiótico, o que me deixa contente (tento sempre ver um lado positivo nas coisas). 

Agora, tenho uma filha com a doença do beijinho... (não é tão grave em crianças como nos adultos) e toda a gente me pergunta onde é que ela apanhou...

Como assim? Como se eu soubesse que havia um determinado sítio com mononucleose e tivesse achado por bem ir lá dar uma voltinha? Ou alguém com isso e tivesse sugerido que bebesse um pouco de Fanta pelo mesmo copo? 

Não sei onde é que ela apanhou isto, mas sendo uma criança de 3 anos, é provável que tenha sido na escola.

Estou cansada, mas ela está mais. Let's go! 

...............

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12.19.2016

10 coisas para dizer à mãe de um recém nascido.

Se calhar somos más. Se calhar, quando ficamos enervadas com os primeiros comentários estamos só a não conseguir gerir bem o facto de termos passado pela experiência física mais desgastante de sempre da vida de uma mulher a não ser aulas de Bum Bum Brasil (ou 3B se formos finas). Se calhar, as pessoas estão desconfortáveis por estarem a assistir a um pequeno ser vivo que acabou de sair do nosso pipi, o sítio onde aproximadamente 9 meses antes entrou um pedaço do genital do nosso companheiro. Assim dito parece nojentinho, não é? Pois, se calhar as pessoas entram em piloto automático e só dizem mecónio porque não lhes sai nada melhor. 


 
Talvez precisem de ajuda para uns comentários mais criativos. Aqui vai: 


10 - Uau! Para quem acabou de ser esventrada, eu ia lá! Estás com óptimo aspecto!

Por muito que pareça altamente inusitado, no fundo, no fundo, gostamos de sentir que as pessoas até nos considerariam num "acto de loucura". A não ser que sejam familiares (o que é provável dada a visita ser no hospital) ou, então, profissionais do próprio hospital (também seria esquisito, a não ser que aparecesse um Karev, um Jackson ou um Derek - que Deus o tenha). 

9 - Quem me dera ter umas tetinhas assim!

Há coisas boas nisto dos primeiros meses e uma delas é ter umas mamas de pornstar. Um bocadinho vascularizadas demais? Ao ponto de parecer que tomamos suplementos e que foram só para as mamas? Talvez. Porém, são umas belas tetinhas e há que aproveitar. 

8 - Trouxe-te um Kinder Surpresa!

Epá, nós sabemos bem quais são os verdadeiros prazeres da vida. Não é ser mãe e plantar um livro ou escrever uma árvore (eu reparei no que escrevi). É mesmo mamar umas barrinhas de Kinder a ou mesmo uns 4 ou 5 ovos daqueles e pensar "há coisas mais importantes na vida que isto" e não haver culpa NENHUMA porque temos ali um ser que só sobrevive graças a nós.

7 - Olha, não sabia o que trazer, então trouxe-te 300 euros num cheque-prenda da Zara.

Como assim não se sabe o que é que se há de dar a uma mulher? Zara! Zara! Zara! Seja qual for o momento da nossa vida, queremos comprar "uma coisinha". E a Zara tem loja online, por isso mesmo que o nosso pipi ou a nossa cesariana nos impeça de andar como gente grande e nos faça andar tipo caracol (sendo o rasto, tudo aquilo que expelimos no mês seguinte pela vagina e que é nojento) dá para fazermos compras e para elas virem cá ter a casa. 

6 - O teu homem deu em louco e contratou uma empresa de limpeza para os próximos 20 anos. 

E são duas mulheres razoavelmente feias (vá, só para não ter que pensar no assunto) e altamente eficientes. Têm um gosto particular por ordenarem a roupa por cores e por estações e por tomarem conta de recém-nascidos. 

5 - Mulher!!! Não sei o que terá acontecido, mas ligaram-me da CGD a dizer que tinhas demasiado dinheiro na conta e que não têm mais espaço para guardar o teu dinheiro!

Ter dinheiro "fictício" ao ponto de não ter sido para o guardar parece-me fabuloso. Sendo que, depois de um parto, sabemos bem onde temos mais uns m2 onde podemos guardar coisas. Podem ficar algo sujas, mas nada que depois um Dettol não resolva.

 
4 - O miúdo é igual a ti, que sorte a dele!

Por muito que tenhamos escolhido o pai (às vezes acontece não termos escolhido, mas "compensa", vá), ficamos mais descansadas se forem parecidos connosco. Não, nós amamo-vos a sério que sim, mas... achamos sempre que somos mais perfeitinhas, até de cabeça (o único homem que esteja a ler isto que pare de se rir, sff). 

3 - Não vou pegá-lo ao colo só porque tenho saudades de bebés. 

Há muitas mães que não se importam e que adoram que os bebés sejam a batata quente daquele jogo quando éramos mais novos (a Joana Paixão Brás era um bocado assim, até emprestava a Isabel à senhora da portagem para procurar melhor se tinha trocos, na boa - não que as senhoras das portagens sejam perigosas, mas só por serem estranhas e, se calhar, por ser desnecessário). Porém, sendo que o bebé e a mãe acabaram de passar por um "trauma" e que provavelmente não irão beneficiar desse momento, o melhor é fazer a visita rápida, dizer que o puto é giro e voltarem para casa a tempo de ver a Pedra sobre Pedra (foi a última novela que vi, não tenho mais referências). 

2 - Apanhei ali a médica no corredor e ela disse que podes sair já amanhã. 

Não foi o meu caso. Confesso que houve um dia em que não queria sair porque estava aterrorizada porque achava que a criança ia morrer assim que ficasse só e exclusivamente a meu cuidado. No entanto, muitas mães só querem ir para o sossego do seu lar e que "a vida comece". Esqueci-me de tentar ter piada nesta, que chatice. 

1 - Vais ser uma óptima mãe. Nós sabemos. 

Ui. Mesmo a mulher mais segura do mundo, numa primeira "viagem" pelo menos, é mais provável que não esteja segura a 100%. Ouvir isto de quem nos conheça, de que estamos perfeitamente aptas para o ser, é um conforto gigante e que nos irá dar força para ultrapassarmos mais rápido algumas dificuldades. Quanto mais importante for a pessoa para nós, maior o impacto, mas qualquer pessoa ajuda nisto. 


Outra: se não souberem o que dizer, podem sempre sorrir, dar beijinho na testa da mãe, perguntar se podem ajudar nalguma coisa e sair. Sente-se o amor e carinho na mesma.

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10.29.2016

Esta conversa aconteceu!

Às vezes tenho algumas reservas em relação às recomendações dos pediatras no que diz respeito à amamentação. Tive a sorte da Isabel ter uma pediatra que, apesar de a partir dos três meses ter começado a descer ligeiramente nos percentis, sempre ter desvalorizado e continuado a apoiar a maminha, mas há por aí às vezes aconselhamentos precoces - a meu ver (e dos organismos de saúde) - da introdução da alimentação complementar. 

Ontem, nas urgências, calhou-me uma pediatra que, ao saber que a Luísa era exclusivamente amamentada me deu os parabéns e me perguntou, delicadamente (e deve ser para não ferir outras decisões contrárias, o que acho muito bem), se tinha intenções de continuar até aos seis meses. Quando lhe disse que sim, sorriu e disse: "é isso mesmo, não há melhor". Fiquei feliz. Não por ter tido uma palmadinha nas costas -  estou tão bem com a minha escolha que não preciso de grande reforço positivo - mas por saber que há pediatras que não aconselham, assim do nada, a introdução das papas ou das sopas e que sabem a importância da amamentação. 

 Estamos no bom caminho. :)


P.S. Claro que em caso de a mãe ir trabalhar muito cedo e não conseguir extrair leite, esta questão muda de figura e tem de ser repensada, mas fiquei contente por, não tendo conhecimento desses factos, não ter partido logo para essas sugestões.

7.14.2016

Preciso de desabafar... e rápido.

Não estava à espera disto. Nunca se está. 

Estava em estúdio, o Frederico conta-me que a Irene acordou da sesta, ficou molinha na sala e que adormeceu no sofá. Enviou-me vídeos para que ambos pudéssemos conversar sobre a perfeição de menina que tínhamos criado. Vê-la e ouvi-la respirar (raras as vezes em que a vemos a dormir), ver os pezinhos dela a mexer, os dedinhos. Foi fabuloso. Estávamos contentes por ela estar a descansar. 

Recebo uma chamada. Era o Frederico. Estava muito aflito. Não descrevo o quanto porque teria de ser ele a falar sobre isso. Não consegui perceber o que dizia. Achei que estavam os dois a brincar comigo porque ouvia-o e a ela lá ao fundo também. Finalmente consegui perceber "anda... correr... para casa... Irene... espumar da boca...". Corri mais que os jornalistas de rádio quando têm de entrar em directo e a impressora não cooperou. Corri tanto que, quem me viu passar, percebeu que não era para comentar, nem falar comigo. 

Pousei os meus phones e o guião na minha secretária e saí a correr tipo Forrest Gump. Perguntaram-me os meus colegas: "O que se passa, Joana?". Só tive tempo de responder "não sei" e o "i" já foi fora da porta, a correr para ir para casa. É certo que moro perto do trabalho. A 3 minutos a pé, mas pareceu-me uma eternidade. Mais tarde vim a perceber que tinha levado o carro ontem e que provavelmente teria chegado mais rápido se me tivesse lembrado disso. Ou, pelo menos, não me teria metido por um corredor/atalho em que decidi ignorar que estivesse fechado com uns avisos e que decidi percorrer na mesma. As minhas sandálias e os meus pés ficaram atolados em lama, mas não havia outra hipótese. Estava-me a borrifar se ficava cheia de lama até aos joelhos, percorrer tudo para trás e escolher outro caminho só para não me sujar não era uma opção. 

Ainda a caminho do corredor liguei para o 112. O meu corpo ainda não se tinha apercebido do que se estava a passar. Estava no modo de sobrevivência. Liguei. Demoraram uma eternidade a atender (uns 6 ou 7 toques - como é que é possível????) e depois reencaminharam para a parte de saúde. Era uma senhora, com uma voz doce. Desabei. "A minha filha está a espumar-se da boca e está roxa". Não lhe dei o número do Frederico porque sabia que ele não iria conseguir falar ao telefone. 

Demoraram a chegar. A porcaria da minha rua não aparece no GPS de ninguém. Que perigo. Já escolhemos uma aqui perto para dar agora. Quando cheguei, cheia de lama, o Frederico entregou-me a Irene, já a chorar muito alto e peguei nela ao colo. Instintivamente comecei a cantar umas músicas foleiras que ela gosta para se acalmar. Reparei que ela não mexia os braços. Dei-lhe o coelhinho dela, que ela queria e ela não o conseguia agarrar. 

Interiormente sabia que provavelmente isto era o que me acontecia quando eu era pequenina. Talvez daí não estar inconsciente. Seria pior se tivesse visto a Irene como o Frederico viu, como se tivesse partido, sem poder fazer nada. 

Chegou a ambulância. Mediu-se a febre. Fez-se um pedido grande para ir para o São Francisco (é onde temos a nossa pediatra, etc.) e lá fui com ela. Sempre a tentar tornar o momento engraçado, mesmo sem ter a certeza que ela estaria a assimilar alguma coisa. Ela respondia que sim e não por entre o choro às minhas perguntas, devia estar a assimilar: 

- Necas, estamos a andar de ambulância!!! Aquela que faz tinoninoni e para onde vai a ambulância? Para o hospital. Que giro, Necas!!

Ela acenava que sim com a cabeça, nos solavancos na ambulância, amparada pelas minhas mamas, enquanto mamava. Só assim parava de chorar. Continuava sem mexer o braço. Eu tentei convencer-me que seria espectável. O corpo naturalmente deve ter-lhe dado um ansiolítico qualquer. 

Chegámos. Rapidamente entrámos para as emergências. Pulseira de muito urgente. Ben-U-Ron para o bucho (era o genérico que eu vi) e a Dra. atendeu-nos. Era mesmo o que a mãe teve quando era pequena: convulsões febris. Herdou de mim. Porém, tínhamos de fazer análises para despistar outras hipóteses como ausências de nutrientes ou excessos, segundo percebi. 

As análises. O terror das análises. Fizemos uma vez análises e foi picada dezenas de vezes. Tive de proibir que lhe tocassem mais. Contei isso aqui. A Dra. disse que aqui seria diferente, que picam mais vezes miúdos e todos os dias. Não tinha outra hipótese. Era como a lama. Tinha de ser. 

O Frederico perguntou se estaria dispensado. Claro que sim. Nem repararia se ele iria lá estar ou não. Eu tinha que estar. A Dra. disse que podia não ir nenhum de nós, mas nem pensar. Prefiro ficar eu impressionada com a dor dela do que ela sentir que a mãe a deixou sozinha para que lhe fizessem uma cosia que dói. 

Desta vez tentaram tirar sangue noutro sítio. Não conseguiram. É realmente difícil tirar sangue à Irene e ainda para mais estando com febre. Tínhamos de repetir dali a pouco. Os gritos, os choros. Eu a explicar-lhe o que se estava a passar e para quê, dizer que quando estivesse boa que íamos fazer as coisas preferidas dela. Só me apetecia pedir-lhe desculpa. Desculpa por não haver uma maneira menos imbecil de saber o que se passava com ela e dela ter de passar por aquilo: um garrote, prenderem-lhe o braço e picarem algumas vezes para tirar sangue. 

Voltámos para a sala de espera. Necas sempre na maminha, sempre a pedir maminha. Esperámos meia hora e lá fomos outra vez, agora com menos febre. Fomos as duas. 

A Irene já nervosa a entrar na sala. "Pulseira (garrote), não, menino! Menino!!! Menino!! Menino???". Começou a entrar a agulha e a Irene grita várias vezes "Pede desculpa, menino!! Pede desculpa!". Choro agora e chorei na altura. Obriguei-o a pedir desculpa. Claro que era para o bem dela, mas a Irene tinha de perceber que sim, quando se magoa alguém, se pede desculpa e que o menino era amigo. 

Custou-me dizer-lhe que podia descansar e fechar os olhos, que estava tudo bem e ela fazê-lo. Deitei-me com ela na maca da sala de espera a dar-lhe maminha deitada. Acabou por adormecer. Os resultados saíram rápido: tudo bem com as análises dela. Níveis mais baixos de oxigénio e de dióxido de carbono, mas associaram a estar a chorar muito. Era mesmo verdade, a Irene tem convulsões febris. E o que a minha mãe sofreu com isto. Quando ela fala sobre isto ainda hoje parece que fala de uma das piores coisas pelas quais já passou. Que é aflitivo e muito. Eu já suspeitava que ela tinha isto. Ninguém me deu ouvidos na altura, mas eu já sabia. Escrevi sobre isso aqui

O mais provável é que ela faça isto sempre que haja uma subida rápida da temperatura. Se for como eu, é o primeiro sintoma de doença com febres altas. Levamos uma bisnaga com um relaxante para lhe dar nas próximas convulsões. Está tudo bem. A Dra. que nos atendeu rapidamente percebeu que era a nossa primeira filha. Fizemos milhares de perguntas e todas respondidas com paciência. Que maravilha. 

Viemos para casa. Irene a dizer piadas. Assustada com tudo, mas já a dizer piadas. A família estava a curar-se com o humor.

Ao adormecê-la ouvi um "mãe, anda dormir comigo, mãe" e só não fui porque tinha outra pessoa que ainda não tinha sido abraçada o dia inteiro e que estava bem mais assustada. Faltava dar beijinhos ao Frederico. A pizza familiar que tínhamos pedido não resolveu tudo. 

Ele acabou agora de lhe dar um beijinho na testa e ela disse "obrigada, pai". Parece que é a gozar.

Obrigada por me deixarem desabafar.


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